Casa Mulher com a Palavra abre hoje no Goethe Institut
Para inspirar, educar e gerar ações concretas em prol da valorização da mulher negra e promoção da igualdade de gênero, a partir de hoje, vozes femininas potentes se levantam na 6ª edição do projeto Mulher com a Palavra. A novidade é que desta vez o formato “Casa” dá o tom do evento, que nos próximos dez dias ocupará o Goethe Institut, na Vitória, com mais de 50 atividades, entre exposição de arte, rodas de conversa, oficinas, espetáculos teatrais e musicais, além de lançamentos de livros e uma feira exclusiva para apresentar trabalhos de empreendedoras locais.
A expectativa é que 800 pessoas circulem pela Casa diariamente. As discussões e atividades terão participações de especialistas, ativistas e líderes, a exemplo de Carla Akotirene, Rita Batista, Joice Berth, Lívia Vaz, Bixarte, Elisa Lucinda, Olívia Santana, Érica Malunguinho, Cidinha da Silva, Mona Soares, e muito outras. O acesso aos espaços é gratuito, mas sujeito à lotação mediante ingressos retirados no Sympla. A programação completa pode ser conferida pelo perfil @mulhercomapalavra_.
A realização do evento é uma prova novos campos de atuação e pensamento que a mulher negra vem conquistando, mas elas querem ir além e pavimentar um caminho para as novas gerações. Por isso, as discussões serão permeadas por temas, como: intelectualidade da mulher negra, empoderamento, sexualidade, enfrentamento à violência de gênero, presença feminina nos espaços de poder e decisão, empreendedorismo, combate aos estereótipos e importância da educação antirracista para a construção de uma sociedade igualitária.
“Não dá para mensurar a importância deste projeto que está se reinventando a cada ano para discutir temas que são de interesse das mulheres negras, múltiplas e diversas, com diferentes pontos de partida mas também com intersecções similares”, destaca a jornalista e diretora de operações e tecnologia do Instituto AzMina, Marília Moreira, uma das curadoras do projeto.
Iniciativa inspiradora
Durante os últimos seis anos, o Mulher com a Palavra tem trilhado um caminho significativo em prol da igualdade de gênero e da valorização das mulheres. Inicialmente, o projeto se estabeleceu promovendo conferências e encontros Teatro Castro Alves. Durante um período de quatro anos foram realizadas 19 conferências, que alcançaram um público de mais de 50 mil pessoas, tanto presencialmente quanto digitalmente. Em 2022 foram lançados quatro programas televisivos, em parceria com a TV Educativa e o Canal Futura, da Globosat. Os programas podem ser conferidos no canal do projeto: youtube/mulhercomapalavra.
Curadoria refinada
A programação plural da Casa Mulher com a Palavra é resultado das contribuições de quatro mulheres de muita representatividade em suas áreas de atuação e que se complementam ao orquestrarem juntas o evento. Além de Marília, integram o grupo a cineasta Mariana Jaspe, a escritora e mestra nos estudos interdisciplinares sobre mulheres, gênero e feminismo (PPGNEIM/ UFBA) Dedê Fatumma e a dramaturga, escritora, atriz, roteirista e pesquisadora das Artes Cênicas, Mônica Santana.
“O que me motivou a estar nesse projeto é saber que a arte produzida por mulheres negras é uma fonte inesgotável de insurgência política. É na arte negra que eu vejo esse corpo negro se autodefinir. Nela, injeto forças, estilhaço as imagens da ordem social cishétero ainda que esse sistema insista em dizer não, nós estamos aqui”, revela Dedê Fatuma.
Destaques
A programação multilingue da Casa MCP, no dia 20, contará com mesa de abertura sobre ‘Mulheres negras intelectuais’, com a militante, pesquisadora, doutora em Estudos de Gênero, Mulheres Feminismos – Universidade Federal da Bahia e Consultora em Equidade Racial e de Gênero, Carla Akotirene, que atua no combate ao racismo e na luta pelo epistemicídio (processo de invisibilização e ocultação das contribuições culturais e sociais não assimiladas pelo ‘saber’ ocidental). A palestra será mediada pela comunicadora Rita Batista, que acompanha e participou do projeto em edições anteriores.
No dia 21, o bate-papo sobre “Antirracismo para além da hashtag”, será comandado pela dupla Lívia Vaz, nomeada uma das 100 pessoas de descendência africana mais influentes do mundo, que é Promotora de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia desde 2004, e Bixarte, poetisa, atriz, escritora e rapper que tem deixado sua marca através das suas palavras carregadas da sua identidade trans, negra e nordestina, bicampeã do Slam Estadual da Paraíba e a primeira travesti ganhadora do festival de música da Paraíba em 2020, em 2021 foi indicada ao prêmio Sim São Paulo de música e como artista revelação no Women Music Event. O Slam das Minas encerra a programação com show.
Créditos: Correio 24 Horas