Conafer é acusada de fraudar documentos para descontar valores de aposentados, afirma testemunha

Uma testemunha-chave revelou à Polícia Civil que a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) adulterava documentos para realizar descontos indevidos em benefícios de aposentados do INSS.
A entidade é apontada como a que mais ampliou esse tipo de desconto entre 2019 e 2024.
Em depoimento, o empresário Bruno Deitos afirmou que sua empresa foi contratada de forma terceirizada para coletar assinaturas, que posteriormente teriam sido fraudadas com o objetivo de simular adesões à Conafer.
Ao cobrar pelo serviço, disse ter sido ameaçado e relatou à polícia ter ouvido que o presidente da entidade afirmava manter influência sobre diretores do INSS, com repasse de vantagens financeiras em troca da manipulação de dados.
Bruno entregou às autoridades cerca de 28,7 mil fichas de assinaturas coletadas. As denúncias foram feitas ainda em 2021, mas a operação que desmantelou o esquema só foi deflagrada em abril deste ano.
De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), os descontos em nome da Conafer saltaram de R\$ 400 mil em 2019 para R\$ 202 milhões em 2023.
As investigações resultaram na queda do então ministro da Previdência e do presidente do INSS.
Em nota, a Conafer afirmou que está colaborando com as investigações. Os principais envolvidos não foram localizados pela reportagem.